Um ano sem Zaha Hadid: para onde caminha a arquitetura?

Era tamanha a importância de sua existência que nunca me dediquei a especular sobre sua ausência até o dia de hoje.

As obras não bastam; são necessários seus desenhos, maquetes e seu posicionamento para compreender o lugar que Zaha Hadid ocupava na arquitetura mundial. Era um ponto de referência - contra-exemplo para muitos, líder para outros - cujo trabalho servia de termômetro para compreender o momento político, econômico e visceral da arquitetura em um momento determinado. Para mim, era a proposta que fazia frente ao genérico da caixa branca, abrindo caminhos por cima do preconceito e da técnica através de uma arquitetura líquida e radical.

© Iwan Baan. Image © ArchDaily

Atenho-me em sua representação gráfica: a maneira através da qual a topografia constrói um edifício e os espaços se fundem uns com os outros, transgredindo o significado de seus componentes. Saúdo as colunas habitadas do Phaeno na Alemanha, os sinuosos brises do MAXXI em Roma, e seus imponentes cubos de elevadores; celebro a imensa claridade da piscina olímpica e a graciosa plástica com a que seus trampolins se posicionam frente à água; invejo e copio suas perspectivas em papel preto que tanto me emocionaram ao longo de minha carreira. Insisto, era parte de um equilíbrio necessário para combater as fórmulas acadêmicas e imobiliárias que, frente a justificativas, mudaram de rumo. que hoje se protegem com o argumento de fazer o menos possível dentro de uma tímida arquitetura da desculpa.

© Hélène Binet. Image © ArchDaily

Não era perfeita, mas perfectível. Podemos retomar suas melhores ideias, expressões e conceitos para levar a disciplina a novos caminhos insuspeitos, como o fez Hadid quando ofereceu ao mundo a possibilidade de explorar uma maneira de fazer arquitetura que, naquele momento, ela mesma desconhecia. Um ano após sua partida, ainda se desconhece o destino de suas ideias. Será o tempo que nos permitirá julgar o rumo de seus seguidores e inimigos, e observar o envelhecimento de seus edifícios. Perdemos uma voz importante na arquitetura mundial que, durante décadas, construiu um discurso próprio respaldado por obras e árduo trabalho. 

Algo está claro: na medida que perdemos vozes que provoquem suspiros e discórdias, como fez ela durante décadas, morreremos afogados pela repetição e tédio. Para mim, acima de tudo, Zaha Hadid foi uma fonte de inspiração durante meus anos de estudante; razão mais que suficiente para recordar uma pessoa querida e absolutamente desconhecida.

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Sobre este autor
Cita: Goldin Marcovich, Pablo David. "Um ano sem Zaha Hadid: para onde caminha a arquitetura?" [Un año sin Zaha Hadid: ¿hacia dónde va la arquitectura?] 19 Abr 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/869360/um-ano-sem-zaha-hadid-para-onde-caminha-a-arquitetura> ISSN 0719-8906

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